A instantaneidade presente nesses dias se reflete em nossas crenças. Queremos o fácil, o rápido, o bonito. Não preciso me preocupar muito, quando eu mesma posso construir minha própria verdade. Vejo cada vez mais pessoas se dizerem livres para sentir, experimentar, compartilhar, acreditar no que preferir. Essa liberdade que todos sentem ter, será de fato, benéfica, segura e digna de ser vivenciada?
Recentemente recebi de presente uma camiseta comprada em uma loja virtual. Porém, por mais que eu tenha ficado contentíssima com o presente, o que me chamou mais atenção foi o papel no qual veio embrulhada. Este papel continha um pequeno poema de Nara Mourão (de quem, até então, nunca tinha ouvido falar). Mais precisamente o seguinte trecho me fez pensar no que vos escrevo:
“Nada de preocupar com a verdade do universo. A vida está aí.”
Não pude deixar de me indignar. Realmente este pensamento reflete o que muitas pessoas vivem. Não precisamos nos preocupar com verdades que dão sentido à nossa existência! Bobagem. Preocupemo-nos com as últimas tendências para este inverno, quais cores estão em alta, qual modelo novo de celular/carro está disponível, em qual gatinho(a) vou investir, como farei para ganhar mais dinheiro, como ser uma pessoa mais bem vista socialmente, como esconder minhas atitudes reprováveis...
O que não percebemos é que a pós-modernidade (estamos ultrapassando o que antes era categorizado) nos faz experimentar o extremo das liberações. Tudo quero, tudo posso, tudo tenho. Temos liberdade sexual, política, moral, filosófica, ideológica, tecnológica. Entretanto, cada vez mais perdidos. Sim, podemos tudo. Não, não sabemos do que precisamos realmente. Não sabemos o que seguir, o que fazer. Temos possibilidades e cada vez menos certezas.
Considero que pensar sobre a verdade do universo, a verdade das nossas vidas, a verdade da existência, não é só importante, mas fundamental! Precisamos de uma razão para estar, para ser.
Deixo esta breve reflexão em aberto, para pensarmos juntos sobre como temos reagido a essa liberdade que nos torna mais perdidos que cego em tiroteio. Como diz o pensamento escrito na minha nova camiseta: Já fomos mais inteligentes!
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