Há alguns anos toquei em uma banda que tinha uma razoável quantidade de músicas próprias. Uma delas falava sobre a traição de Judas e suas particularidades. Creio que, para muitos, é inevitável se deparar com esta passagem da Bíblia, sem sentir um pouco de raiva deste cidadão. Fica claro que, como Jesus não atendeu à demanda de liderança de Judas, o mesmo mandou matá-lo. Para mim, foi difícil entender isto tudo durante muito tempo.
Baseado nisto, quero enfatizar duas vertentes que me fizeram entender melhor o sacrifício de Cristo. A primeira é de que o sacrifício já estava predito desde o profeta Isaías, o que me faz entender que Jesus sabia das implicações do final do seu ministério, antes de assumi-lo.
O que talvez Cristo não soubesse é que este sacrifício seria desprezado a todo tempo por muitos que se dizem seguidores dele, até os dias de hoje. Eis a segunda vertente, na qual me incluo. Quantas vezes já traímos a Jesus por valores muito menores do que as trinta moedas de prata? Não é possível fazer uma correção monetária para saber qual o valor atual destas moedas, mas a Bíblia diz, em MT 27.1-10, que após o suicídio de Judas estas moedas foram usadas para comprar o campo do oleiro que serviria de cemitério para estrangeiros. Ou seja, serviram para comprar um terreno, o que me faz entender que era uma boa quantia.
A queixa que paira aqui é de que a traição a Cristo se repete de muitas formas (e que a mesma sirva de alerta e não de acusação). Muitos de nós já traímos a Jesus quando gastamos tempo com programações televisivas de cunho sensual ou de duplo sentido; filmes cuja história não traz edificação nenhuma e nos deixam até mal no fim de assisti-los; conteúdos da internet que trazem baixarias ou até conteúdos pornográficos; músicas que, por mais bem produzidas que sejam, têm, na sua letra, fortes negativas e difamações à palavra e à pessoa de Deus; quando sabemos de cor todas as personagens das sagas e trilogias da ficção, mas não sabemos localizar na Bíblia os livros de Amós, Ageu ou Filemon.
A traição a Cristo, hoje, é muito mais sucinta e diplomática; ela não se torna pública a ponto do mundo inteiro saber, e, em muitas, o traidor sabe que está traindo e repete a traição por inúmeras vezes. Não sou panfletário a ponto de dizer que devemos nos abster dos entretenimentos seculares. Eu daria um tiro no pé, pois também o faço. O que digo é que devemos ter parcimônia e critério no envolvimento com eles. Não querendo justificar a Judas, mas o mesmo negou a Cristo por uma boa quantia, mas o seu arrependimento redundou no seu remorso e suicídio; nós acabamos fazemos isto por tão pouco e ainda nos damos o trabalho de ficar ponderando, ou, como diria João Alexandre acerca de Pedro, ficamos com “a lembrança de tê-Lo negado por nada”.
Deixo aqui o refrão da música que mencionei no início:
“Perdão, Senhor , perdão, pois os Judas desta geração
Não cumprem a missão e envergonham o nome de cristão
Perdão, Senhor, perdão, pois me desfiz da Tua paixão.
Te clamo em oração, com Teu sangue lave minhas mãos.”
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